Seguindo o legado do pai, de valorização da saúde mental, candidato a prefeito Andrezinho Ceciliano (PT) quer implementar na cidade um centro de referência para pessoas com TEA e outras neurodivergências
Por: Evandro Viana / Foto: Reprodução – Internet
A cidade de Paracambi, na Baixada Fluinense, já teve o maior hospício da América Latina. A Casa de Saúde Dr. Eiras foi fundada em 1963, com capacidade para 2.500 internos. A história do hospital foi a personificação abandono e da exclusão de pessoas com problemas de saúde mental e “sem possibilidades de tratamentos terapêuticos”.
As pessoas eram internadas e muitas “esquecidas” no hospital até a morte. Nas suas últimas décadas de funcionamento, a Casa de Saúde Dr. Eiras se tornou um depósito de pessoas “indesejadas” pela sociedade e, também, um negócio lucrativo devido aos repasses públicos para mantê-la aberta.
Buscando proteger os direitos das pessoas com transtornos mentais e mudar a forma de como esses eram tratados, em 2001, o Governo Federal promulgou a Lei 10.216, que versa sobre o fechamento gradual dos hospitais psiquiátricos e cria um novo modelo de tratamento, além da criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).
André Ceciliano era o prefeito de Paracambi durante a transição entre os modelos de tratamento e, também, quando houve uma intervenção na Casa de Saúde Dr. Eiras devido as denúncias de maus tratos e irregularidades. “O hospital mais parecia um campo de concentração, com os pacientes em estado degradantes e sub-humanos”, ele lembra.
“Fazer saúde é difícil, fazer saúde mental é mais difícil ainda. Nós criamos uma rede de proteção, leitos de urgência e emergência no Hospital de Lages, nós tínhamos um programa chamado antena virada, o bloco carnavalesco maluco sonhador, nós tínhamos musicoterapia, tinham várias atividades para os pacientes, nós construímos dois CAPS e deixamos um terceiro quase pronto, o CAPSI, fizemos 20 residências terapêuticas, nós tínhamos residências assistidas, nós demos dignidade aos pacientes que estavam largados no antigo Dr. Eiras”, ele lista.
No ano de 2000 a Casa de Saúde Dr. Eiras de Paracambi foi reprovada pelo Programa de Avaliação das Instituições Hospitalares – PNASH/Psiquiatria por não alcançar os requisitos básicos para funcionar como hospital psiquiátrico e dar um bom atendimento aos pacientes e, logo em seguida, descredenciado do Sistema Único de Saúde, em 2004 iniciou-se uma intervenção e os pacientes começaram a ser transferidos ou incluídos no novo modelo terapêutico. Em 23 de março de 2012, após ordem da justiça, o hospital encerra em definitivo suas atividades.
Quem acompanhou e se beneficiou do processo de evolução do cuidado com a saúde mental em Paracambi durante o governo de André Ceciliano foi a aposentada Sandra Gonçalves, que foi de paciente do Dr. Eiras, durante um período que ela descreve como “desumano”, foi reabilitada e chegou a ser funcionária do CAPS.
“Eu, como todos os pacientes, temos uma gratidão com o André.Ele foi o único prefeito que se dedicou a psiquiatria, a atual gestão abandonou a psiquiatria. Se um paciente surtar, não há como internar”, crítica Sandra, que hoje acompanha as caminhadas do Andrezinho pela cidade.
A proposta de Andrezinho é retomar o legado do pai, o ex-prefeito André Ceciliano (2001-2008), que, além de trazer diversos cursos técnicos e universitários para cidade, foi responsável também por uma intervenção no Dr. Eiras devido a denúncias de maus-tratos.
No programa de governo apresentado á Justiça Eleitoral, Andrezinho propõe, por exemplo, a criação doCentro de Referência e Atenção ao Neurodivergente, abrangendo atendimento às condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA), TDAH(Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, entre outras.
“Paracambi já foi conhecida como ‘cidade dos loucos e vamos transformá-la em uma cidade que acolha as diferenças, seguindo exemplo do ex-prefeito André Ceciliano nas ações antimanicomiais que foram implementadas durante a sua gestão”, defende o candidato.