Varredura das ruas é feita pelos próprios moradores na tentativa de amenizar a sujeira; no bairro do Amapá, moradores precisam caminhar até a RJ 127 para pegar ônibus
Texto: Evandro Viana e Rian Delaia \ Foto : Arquivo
Moradores do bairro do Copê, em Paracambi, denunciaram a ausência de serviços de limpeza no bairro durante caminhada feita pelo candidato a prefeito Andrezinho Ceciliano (PT) na noite desta quarta-feira (28). Segundo eles, o caminhão do lixo não entra nas ruas do bairro para realizar a coleta.
Já na rua de acesso ao bairro, é possível ver latões onde os moradores despejam o lixo, no entanto, não é suficiente para suportar a demanda de todo o bairro, o que faz com que os moradores despejem os resíduos no chão, em volta dos latões.
Segundo a moradora Luziane da Silva, quando a coleta passa, apenas o lixo do latão é recolhido, já o que estava fora, permanece lá. “Às vezes, meu sobrinho e eu pegamos o excesso de lixo que está no chão e colocamos dentro do latão pra ver se eles recolhem, mas é impossível recolher tudo”, lamenta a dona de casa ao relatar a grande quantidade de lixo acumulada no chão.
Os moradores ainda contam que, quando o bairro é tomado por enchentes, o lixo da rua invade as casas. Vizinha de um terreno delimitado por uma cerca de arame farpado, Luziane conta que, com os alagamentos de fevereiro deste ano, a cerca do vizinho ficou repleta de sacolas e materiais que haviam sido descartados. E ainda acrescenta que os lixos boiavam na água suja que chegou a altura do ombro.
Maria Barbosa, de 71 anos, conta que ratos estão invadindo a sua residência por conta da lixeira a céu aberto que o bairro se tornou. A aposentada ainda relata que, recentemente, matou uma cobra dentro de casa. Quando questionada se houve algum tipo de contato com a prefeitura para solicitação de limpeza do local, dona Maria rebate que “não adianta nada”. “Já tentamos contato, mas não adianta de nada! Ela [prefeita] nem pisa aqui”, destacou a senhora que mora no bairro desde os sete anos de idade.
Protesto virou caso de polícia
Em fevereiro, após a forte chuva – que causou diversos pontos de alagamentos em Paracambi – arrastar lixo pra dentro das casas, os moradores, que estavam revoltados com a situação, arrastaram parte desse lixo para o meio da rua em forma de protesto.
Eles contam que o lixo, que não havia sido recolhido, virou caso de polícia. Agentes do Segurança Presente foram acionados para conter a revolta dos moradores. “A gente colocou o lixo na rua para ver se eles faziam alguma coisa por nós, mas eles chamaram a polícia”, conta Luziane da Silva.
Em discurso, ao final da caminhada, o candidato Andrezinho Ceciliano (PT) enfatizou o descaso com o bairro, que está vivendo em meio à sujeira. “Os moradores do Copê, hoje, vivem no lixo, o que a gente vê no bairro é o descaso. Eu faço aqui um compromisso público de dar dignidade àquele povo, que hoje está no meio do lixo”, afirmou Andrezinho.
No bairro do Amapá, moradores precisam caminhar até a RJ 127 para pegar ônibus
Na parte da manhã, a caminhada do candidato foi no bairro do Amapá, que fica às margens da rodovia RJ 127, no trecho entre o Centro de Paracambi e o bairro de Lages, não existe linhas de ônibus que entre dentro do bairro, o que obriga os moradores a caminharem cerca de 1,5km até o ponto de ônibus ou, então, chamarem um carro de aplicativo. Isso quando existe cobertura das operadoras de telefone no bairro.
“A maior carência do bairro do Amapá é o meio de transporte e saúde, muito precário mesmo”, relata Celso Gomes de Melo, 72 anos, aposentado, morador do bairro. O aposentado ainda acrescenta que é inexistente a presença do poder público no local.
Além do transporte, os moradores denunciaram problemas na educação e na saúde, destacando que a única marca da presença do poder público é um posto de saúde, que não funciona adequadamente.
“Tiraram todas as latas de lixo, não tem quebra-molas, as pessoas passam correndo na rua colocando em risco quem passa. O bairro não tem escolas, creches, nada disso, tudo tem que ser fora do Amapá”, criticou a técnica de enfermagem Daniela Coelho.
A professora aposentada Francisca Fagundes Soares reclamou da ociosidade das crianças nas ruas e que é necessário ter no bairro atividades não só para as crianças, mas também para os adolescentes.
“A gente precisa aqui de transporte para as crianças que estudam fora do bairro e de uma creche que é superimportante para a iniciação dessas crianças e tirá-las da rua. (…) seria interessante fazer um levantamento para ver a viabilidade da instalação de uma escola aqui no bairro ou então, como eu falei, melhorar o transporte para nossas crianças”, completa a educadora.
Durante a caminhada, o candidato conversou com diversos moradores e falou do compromisso de construir uma escola que possa atender às família.