Seis meses após a chuva que inundou a cidade, muitos moradores ainda não receberam o auxílio emergencial que deveria ter sido repassado pela Prefeitura
Texto: Rian Delaia / Foto: Divulgação
O candidato à Prefeitura de Paracambi Andrezinho Ceciliano (PT) visitou, nesta quinta-feira (22), o BNH de Baixo, bairro mais afetado pela tempestade do último verão. Com o nível da água alcançando os 2 metros de altura, moradores perderam móveis e pertences, mas até hoje não receberam os repasses do cartão Recomeçar.
Mariluce de Lima, de 64 anos, reclama que, até hoje, o cartão, do Governo do Estado, que seria entregue à população pela prefeitura para ajudar as famílias atingidas ainda não apareceu. “A gente quer saber o que aconteceu. Cadê o nosso cartão? É nosso direito”, indagou a senhora que mora às margens do Rio dos Macacos.
O Cartão Recomeçar foi uma medida emergencial criada pelo governo do Estado para auxiliar as famílias atingidas pela chuva. O valor do cartão é de R$ 3 mil, pago em parcela única, como cartão de débito. Ele pode ser usado para compra de material de construção, eletrodomésticos da linha branca e móveis.
O repasse do dinheiro às vítimas é de responsabilidade de cada um dos municípios beneficiados. Paracambi iniciou o repasse no mês de julho, enquanto outros municípios, como Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias começaram a distribuir o benefício em abril. Mesmo assim, muitos moradores afirmam ainda não ter recebido o dinheiro.
Um desses moradores é Fátima dos Santos. Durante o alagamento, o nível da água quase ultrapassou a altura das portas da casa onde mora, no BNH de Baixo. “Perdi tudo. Todos os móveis que você está vendo aqui em casa são emprestados. São móveis de conhecidos que emprestaram para a gente para que, quando o cartão [Recomeçar] viesse, a gente pudesse devolver, mas até agora esse cartão não chegou”, relata após ter perdido todos os móveis, exceto a geladeira, que boiou na água e chegou a dar pancadas no teto.
Ela ainda acrescenta que alguns moradores do município até chegaram a receber o valor, mas na rua dela, ninguém viu nem a cor do dinheiro. “O cartão está chegando para aqueles que não precisam. Aqui na rua, que foi uma das mais afetadas, ninguém recebeu”, completou indignada.
A força da água foi tanta que Fátima não podia sair na rua para se abrigar na casa ao lado. Segundo ela, caso fizesse isso, a correnteza poderia levá-la. Para se salvar, a moradora amarrou uma corda na cintura e foi içada para o terraço do vizinho, que a abrigou durante a enchente. “Fiquei toda machucada. Mas se eu fosse pela rua, a força da água me levaria. Não gosto nem de lembrar”, relatou.
Mariluce de Lima também denuncia as condições em que o Rio dos Macacos se encontra. “O André quando era prefeito fazia a limpeza do rio frequentemente. Agora olha como está, todo assoreado. A gente vai lá na prefeitura, fala e ninguém vem”, conta a aposentada.
Andrezinho Ceciliano tem a proposta de realizar a limpeza dos rios do município ainda nos primeiros dias de governo. Para o candidato, a medida se faz importante pois, caso eleito, ele irá assumir a gestão no período das fortes chuvas de verão. “Temos um compromisso de logo nos primeiros dias de governo dragar os rios dessa cidade. A gente vai começar a governar no momento de cheia, no momento de chuva e eu não quero ver a população passando por aquilo de novo, eu não quero entrar numa casa e ver uma mãe chorando. Eu quero rios dragados, eu quero ver a água fluindo, eu quero as pessoas dormindo em paz”, afirmou o candidato.
Na caminhada da noite, os relatos das enchentes seguiram
No início da noite, o candidato Andrezinho Ceciliano partiu para a segunda caminhada de campanha do dia, desta vez, no BNH de cima. Apesar da mudança de localidade, os relatos não mudaram. As denúncias a respeito dos alagamentos de fevereiro continuaram.
A moradora Joyce Trevato também foi vítima da tempestade e afirma que não recebeu nenhum tipo de apoio da prefeitura. “O apoio foi comunitário, os vizinhos e outras pessoas que estavam em volta ajudaram bastante. Já a prefeita… nem vimos a cara dela”, desabafou Joyce.
Mas a caminhada não foi marcada apenas por momentos de denúncia. A gratidão também teve vez. Geni Alves conta que morava no Lixão de Paracambi anos atrás, mas após o projeto de habitação promovido por André Ceciliano enquanto ainda era prefeito do município, ela deixou o lugar onde vivia e hoje mora em em uma das casas construídas pelo programa. “Lá onde eu morava fedia muito, tinha muito mosquito e o André Ceciliano me tirou de lá. Eu recebi a chave da minha casa nova pelas mãos dele”, conta a senhora expressando gratidão.
Para Michele Rosa, a situação em que o bairro ficou após a chuva é vergonhosa. “Cansamos de pedir pra dragar os rios e não fomos ouvidos. Não precisava ter sido como foi”, afirma a professora.
Ao final da caminhada, Andrezinho declarou a importância da caminhada no bairro. Para o candidato, é gratificante ver o carinho dos moradores do bairro com ele. “A gente não fez mais que o nosso trabalho, mas as pessoas do BNH têm gratidão ao que fizemos no período em que eles passaram dificuldade. Nós somos servidores públicos, então temos que ter essa responsabilidade. Nem todo mundo que podia fazer alguma coisa fez, então isso aumenta o nosso compromisso, porque eles confiam na gente”, afirmou o candidato que se comprometeu ainda nos primeiros dias de governo a dragar os rios e desentupir os bueiros a fim de mitigar o impacto das chuvas.