O sistema de saúde de Paracambi é marcado por salários atrasados, falta de transparência e demora no atendimento. O diagnóstico foi traçado com base em denúncias de moradores e depoimento de especialistas convidados para a reunião do Programa de Governo Participativo (PGP) da última quinta-feira (26/07), convocada pelo pré-candidato a prefeito de Paracambi, Andrezinho Ceciliano (PT).
Andrezinho destacou que a cidade de Paracambi tem o quarto maior repasse de verbas da Saúde por habitante em todo o estado do Rio. “É inadmissível o atendimento precário e desumano”, criticou. Ele também apresentou propostas para a saúde do município:
“Um conselho municipal eficiente, transparente e participativo, a criação de um aplicativo que dê acesso às filas de exames, cirurgias e que permita fazer marcação de exames, nivelamento do piso salarial da enfermagem e construção de um centro de referência para o acolhimento e desenvolvimento das pessoas no espectro autista”, ele citou. “Nós vamos colocar a maternidade no posto de saúde do Guarajuba, o que nunca foi terminado, usar o espaço da maternidade para ampliar o atendimento do Hospital de Lages. Também vamos implantar uma policlínica no posto de saúde do Centro e criar um centro especializado em atendimento às pessoas do espectro autista”, completou.
Ex-secretário de Saúde da cidade do Rio, o deputado federal Daniel Soranz (PSD) observou que “Paracambi pode ser apontado como a pior gestão de saúde do estado do Rio de Janeiro”, destacando a importância da transparência nas políticas de Saúde. “Hoje, a gente não consegue ver a situação de cada leito, a transparência da situação da fila de espera de maneira organizada, a lotação dos funcionários. É uma exigência de todo sistema de saúde que ele seja transparente. Quero sugerir o programa de transparência no sistema de saúde”, provocou.
O palco também foi ocupado por especialistas como o paracambiense Dr. Fernando Luz, clínico geral por 20 anos no Hospital de Lages que abriu mão da pré-candidatura para apoiar Andrezinho. Também participou do encontro o Doutor Ernandes, outro pré-candidato que abriu mão da pré-candidatura em prol do Andrezinho. Ele descreveu como “medicina de guerra” as condições de atendimento a partir de 2018: faltavam insumos, equipamentos e medicamentos para os pacientes.
Dona de uma clínica odontológica na cidade, Monique Pimentel relatou um episódio no qual “uma senhora grávida de oito meses, desesperada, gritando que ia perder o filho, sentindo contração devido à dor”, bateu na porta de sua casa durante a madrugada pedindo por ajuda, depois de não receber atendimento no Hospital de Lages.
“Segundo a gestante, ela retornou ao hospital várias vezes naquela noite, sentindo dor, mas não havia o que fazer. O problema está na falta de tratamento, que a cidade não oferta para a população já que não possui um centro de especialidade odontológica”, disse Pimentel em seu discurso.
Mobilizada com o ocorrido, a dentista descobriu a menção de um centro de especialidade odontológica na Planilha de Metas entre 2018 e 2021 da atual gestão. Entretanto, o atendimento nunca foi instalado no centro hospitalar de Lages, que, segundo Pimentel, “não fornece os serviços básicos, muito menos dados”.
A cidade “tem uma mulher na liderança, uma mulher como pré-candidata a líder, mas não tem capacidade para socorrer uma gestante de oito meses?”, relatou Pimentel.