Índices de furto a residências surpreenderam autoridades; valorização da guarda municipal e atualização de normas também são necessárias, afirmam especialistas
O pré-candidato a prefeitura de Paracambi Andrezinho Ceciliano (PT) propôs criar uma secretaria municipal de Segurança e Ordem Pública, que coordene as ações do efetivo das polícias Civil e Militar que atua na cidade, a Guarda Municipal e a Defesa Civil. A proposta foi apresentada na noite de ontem (1), durante mais um encontro do Programa de Governo Participativo promovido pelo pré-candidato na cidade.
Andrezinho também destacou a importância da implementação de um Centro Integrado de Controle e Comando com sistemas de reconhecimento facial e identificação de veículos roubados para ajudar no monitoramento e prevenir possíveis crimes – além de disponibilizar wi-fi gratuito para população nas áreas urbanas.
O pré-candidato também falou da importância de investimentos além da força policial, como em iluminação pública, e ações preventivas que incluam as crianças e adolescentes em atividades esportivas, educativas e culturais.
“Nós temos o exemplo do bairro Bom Jardim, que não tem uma iluminação pública de qualidade. Por conta disso, às vezes uma menina, uma mãe, sente medo de ir comprar um refrigerante em um barzinho, à noite. Ainda que não fosse acontecer nada com essa mãe e com essa filha, a sensação de segurança delas importa”, complementou o pré-candidato ao falar sobre a necessidade de ampliar e melhorar a iluminação pública no município.
Índice de furto a residências surpreende
Nos primeiros seis meses de 2024, Paracambi registrou 11 furtos a residência, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apresentados pelo ex-comandante do 24º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Gileade Amaro de Albuquerque. Responsável pelo batalhão que atende o município entre 2010 e 2011, o tenente-coronel se surpreendeu com os índices.
“Quando eu comandava o batalhão, nem me preocupava com Paracambi, porque não tinha esses índices”, afirmou Albuquerque. Para ele, é importante que haja uma ação antecipada do Poder Público, a fim de evitar que Paracambi tenha casos de violência tão frequentes quanto nos municípios vizinhos.
Guarda desvalorizada e desatualizada
Além de não contar com uma secretaria de Segurança e Ordem Pública (hoje, Paracambi tem apenas uma secretaria de Defesa Civil), a gestão atual enfrenta dificuldades na administração da guarda municipal. A agente Aline Pereira conta que a prefeitura não esteve aberta ao diálogo em várias tentativas de contato feitas pela classe.
“Em nenhum momento a prefeita esteve aberta a escutar a corporação. Nós tínhamos alimentação e alojamentos muito precários e, nesses oito anos, em nenhum momento ela esteve aberta a nos visitar ou abrir espaço para que fossemos até ela”, completou a guarda municipal com mais de 15 anos de farda.
A guarda municipal Clara Oliveira, que palestrou no evento, contou que há alguns anos, Paracambi contava com uma guarda participativa em projetos que estimulavam o envolvimento com a população, como a colônia de férias, por exemplo. “Hoje, os agentes são conhecidos no município apenas por distribuírem multas”, disse.
O pré-candidato Andrezinho Ceciliano defendeu a retomada de projetos para a Guarda Municipal, além da ampliação do efetivo, e a requalificação do Conselho Municipal de Segurança Cidadã.
O escritor e pesquisador Roberto Brant destacou que a desatualização na legislação da Guarda Municipal de Paracambi dificulta, por exemplo, a atuação desses agentes no combate à violência contra a mulher. O decreto 1.841/23 prevê ações para cooperação entre as guardas municipais e as forças de segurança, prevendo uma atuação conjunta para garantir o atendimento a ocorrências emergenciais.
Em 2020, o Centro Especializado em Atendimento à Mulher Vítima de Violência de Paracambi realizou 2.206 atendimentos. “Se esses guardas municipais estivessem com a legislação devidamente atualizada, será que eles poderiam atender parte dessa demanda?”, indagou Brant ao enfatizar a importância da integração da guarda municipal às forças policiais.
Andrezinho Ceciliano também defendeu a criação de uma ronda municipal Maria da Penha que seja integrada a uma rede de acolhimento às mulheres vítimas de violência, um programa de recrutamento de jovens que deram baixa no serviço militar para apoio à segurança cidadã em pontos estratégicos.